sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Ser ou não ser?


Há momentos em que é preciso parar para pensar, pesar nos pratos da balança a razão e o coração, a emoção e o racional. Há decisões que nem sempre são fáceis e há momentos na vida em que decidir implica traçar rumos diferentes para um mesmo objectivo.
Quando decidi ser mãe, defini claramente dentro de mim as razões pelo qual o fazia e tracei um plano mental de objectivos aos quais me propunha para que, no que dependesse de mim, a minha tarefa fosse bem sucedida. Demasiado racional, diriam alguns. Impossível de determinar, imagino outros a argumentar. É certo que estas coisas da maternidade têm muito mais de intuitivo do que de racional, e que o imprevisto é algo sempre presente. Não sou naif a ponto de achar que tudo o que faço é bem feito (quem me dera que assim fosse), nem presunçosa a ponto de considerar que não poderia fazer muito melhor. Aquilo a que me refiro, é ao ter uma noção o mais aproximada possível da realidade, daquilo que implicaria colocar filhos no mundo, do que significaria para mim, do que alteraria a minha vida, das cedências e concessões que teria de fazer para garantir que aqueles dois parezinhos de olhos doces da cor do mel, fossem felizes. Sempre considerei que os filhos não são um capricho, por isso sempre pensei que, quando os tivesse, não seria para os entregar a cuidados alheios. Sei que há quem o faça por absoluta necessidade, mas trabalhando eu com crianças todos os dias, também sei que há quem o faça por conforto, por falta de capacidade de entrega ou por falta da noção de que os filhos não pedem a ninguém para vir a este mundo... vêm por vontade nossa, por isso, o mínimo que podemos fazer é estarmos presentes nas suas vidas o melhor que soubermos e pudermos. São estes os "princípios" que regem a minha aventura no mundo das mães, são estas as noções que pautam também a vida do pai. Por isso, quando a balança sustém de um lado o prato dos filhos e do outro uma outra coisa qualquer, não é difícil adivinhar qual é o que pesa mais, no fundo, qual é o mais importante.
Há duas semanas tive uma proposta de trabalho muito aliciante (e não me refiro apenas ao plano material, mas também ao campo profissional).... e, hoje, vou recusá-la, pois implicaria uma disponibilidade total para um horário frequente em regime pós-laboral, para trabalhar em escolas a sensivelmente uma hora de distância de casa.
Ontem senti-me dividida, tentada a aceitar, pois a necessidade de voar mais alto grita há já algum tempo dentro de mim. Parecia ter chegado a hora!.....
No entanto, ainda não chegou o momento! Há que dar tempo ao tempo e seguir a intuição, o coração. Este ano, o pai não vai estar por cá, pois a sua vida profissional impede-o literalmente de uma presença mais assídua que os fins-de-semana e, esporadicamente, uma ou outra noite a meio da semana. Por isso, por eles, a minha resposta (suada, conflituada, debatida, sofrida) só poderia ser NÃO!

Hoje sinto-me aliviada, embora não esconda uma pitada de mágoa por declinar tão honrado convite. Contudo, sei que fiz a melhor escolha, não só para eles, mas também para mim; pois os seus sucessos também são meus (e que dizer das suas dores?!). Tento diariamente prepará-los para a vida, por isso, sei que não posso, nem devo, poupar-lhes demasiadas angústias e sofrimentos. No entanto, não me sinto no direito de lhes tirar o tapete, logo agora que uma vida nova se anuncia.

Não posso voar tão alto? Por ora voarei mais baixinho, mas nunca, nunca deixarei de voar!!

O primeiro.....

.....vencimento como licenciada:


142,50
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(Não, não estou a brincar. Sim, refere-se apenas a 15 dias. E, sim, a dúvida persiste: não sei se ria se chore!)