terça-feira, 15 de abril de 2008

Os ratos não gostam de chocolate?!


Poderia ser o título de um livro, ou o nome de um filme, mas o certo é que retrata parte da minha odisseia para com os esses digníssimos representantes da ordem dos roedores.


Passado pouco tempo após ter chegado à Bélgica, estava uma bela tarde estendidinha no sofá a fazer zapping à maravilhosa programação da tv cá do burgo, quando oiço remexer no saco de embalagens que se encontrava pronto para ir para a reciclagem. Como o barulho se mantinha, resolvi ir averiguar e, qual não é o meu espanto, quando dou de caras com um magnífico exemplar da espécie rato-do-campo. Depois de alguns (breves) momentos de pânico, porque detesto cenas escandalosas de donzelas em apuros, e após alguma reflexão acerca do mal que o mini animal me pudesse vir a infligir, optei por chamar (mais ou menos serenamente) os elementos masculinos da família que iniciaram uma empreendedora (ainda que improfícua) caça ao bicho. Reuniu-se então o conselho familiar, que decidiu não ser possível a coabitação das duas espécies debaixo do mesmo tecto, tendo sido ali mesmo delineadas possíveis estratégias de captura do animal, bem como da sua prole. Posta de parte a ideia de os envenenar (que chegou a ser testada em zonas estratégicas, mas com o mesmo sucesso da caça) por causa da faixa etária a que pertence metade do agregado familiar; depois de tapados (e conferidos assiduamente) todos os orifícios encontrados na habitação; e porque o(s) bicho(s) parecia(m) mesmo andar a gozar connosco (uma noite, sentadinhos os dois a ver o King Kong, ouvia barulhinhos que, inicialmente considerei sugestão, por causa do filme, mas depois de confirmada a audição por parte da cara-metade, eis que nos deparamos com o bicharoco a degustar um bocadinho de bolacha "esquecido" no chão pelas crianças; novo empreendimento e definição de estratégia, fuga do bicho e regresso do mesmo, nas nossas barbas, para levar afoitamente consigo tão delicioso repasto; então, qual louquinhos, desmontámos a base do móvel da sala e criámos barreiras, mas nunca mais vimos o desgraçado; outra vez, decidiu passear por cima dos meus pés,enquanto me encontrava aqui, sentadinha ao computador); acabei por comprar e montar umas ratoeiras que no espaço de 15 dias capturaram, se a memória não me falha, 4 exemplares. Posto isto, passado o sentimento de culpa pela hipótese de estar a delapidar famílias felizes, julgámos ter a coisa resolvida. As ratoeiras foram guardadas e a nossa vida voltou ao normal, até ao dia da preparação das malas para as férias do Natal de 2006, quando vejo passar em frente dos meus olhos mais um amistoso roedor. Dada a oportunidade, o mesmo foi brutalmente assassinado à chinelada e depois colocado no jardim, para dissuadir a prole de outras investidas (novo sentimento de culpa, motivado pela curiosidade das crianças que nos levaram a descobrir que se tratava de um fêmea....e agora? será que tinha filhotes? coitadinha? glups!!!!!).
Uma vez mais o problema parecia estar resolvido. Contudo, pontualmente lá ia encontrando pela sala exemplares de excrementos dos ditos cujos, mas sempre que tal acontecia, as ratoeiras voltavam à acção e, mesmo sem isco, o sucesso era garantido.
Perante a curiosidade acerca de como seria possível continuarem a entrar, acabámos por descobrir (com a preciosa ajuda dos avós) um orifício que serviria potencialmente de entrada dos bicharocos. O mesmo foi atafulhado de sacos de plástico (mas a avó Chica explicou-me, mais tarde, que deveria ter colocado vidro, uma vez que o plástico é facilmente roído) e a paz voltou a reinar na nossa humilde casinha.... Até à semana passada, altura em que, ao serão, começamos a ouvir roer qualquer coisa. Nova investigação e constatação de que a avó Chica, afinal, tinha razão. O plástico estava todo roidinho. Do roedor nem sinal, mas as ratoeiras voltaram à acção.
No entanto, ou os bichos estão mais espertos, ou querem gozar comigo, ou as duas! Nas ratoeiras, até hoje,nada foi encontrado, nem mesmo com isco! E ontem descobri que "atacaram" o armário onde guardo as waffles dos miúdos, embora tenham comido waffles sem chocolate (além de um pacote de café que estava roído, mas que, não me parece ter sido do agrado) - daí o título do post. Decidida a acabar com a brincadeira, esvaziei o armário, e coloquei lá dentro uma ratoeira com um bocadinho de waffle. Fiz o mesmo em outras duas. Passadas duas horas, qual não é o meu espanto, quando descubro que todos os bocadinhos de waffle haviam sido comidos das intactas ratoeiras. Fiz as coisas mal, pensei, deveria ter colocado nas ratoeiras algo mais pesado, passível de accionar as ratoeiras quando fosse retirado! Então, antes de me deitar, coloquei em cada uma um apetitoso bocado de queijo. Hoje de manhã, adivinhem qual era o resultado? Quatro ratoeiras montadas tal como no dia anterior......SEM QUEIJO!!!!!! Além disso um dos tapetes que moram no chão da minha cozinha há apenas 2 mesinhos estava, digamos, ROÍDO!!!!!!
Isto está a tornar-se uma batalha pessoal! Mas confesso que estou a ficar sem ideias. Imagino-os a rirem-se de mim no seu buraquinho, mas estou decidida a não defraudar mais de 1 milhão de anos de selecção natural!


Aceitam-se sugestões, com direito a um jantar na casa nova (onde, de certo, NÃO HAVERÁ RATOS) para quem arranjar uma solução definitiva para o problema!!!

4 comentários:

Anónimo disse...

Não fui ao livro "À Espera do Médico" mas li em algures a seguinte solução: Fazer uma papa com 1 parte de gesso e 3 partes de farinha acrescentando raspas de queijo para tornar a mistura mais atraente. Ao ingerir esta mistura sente sede, por água perto para ele beber e isto fará com que ele morra. Mas tenho outra solução se isto não resultar mando no próximo correio a BAILUNDA
Muitos beijinhos para todos da avó Alda

Anónimo disse...

A avó chica tem razão...qual saco plástico!! Vidro é o único material que os ratos (murídeos, fica melhor :-) não conseguem roer (tecnicamente conseguem, só não o fazem pq se cortariam), por isso é o melhor material "tradicional" para evitar a entrada por buracos. Relativamente às ratoeiras, nós aqui estamos mais modernos...usamos postos de engodo com raticida!! Mas podes comprar raticida na “drogaria de Hasselt”, mas cuidado com os miúdos, em caso de acidente VITAMINA K.
Já agora informo que a espécie existente é o Mus musculus e por curiosidade dizer porque é que eles estão sempre a roer tudo o que encontram (e aquilo que mais gostam):
O crescimento dos dentes nos murídeos é continuo, e necessitam de os desgastar permanentemente para não morrerem!!

Jinhos

Galena disse...

Posso sempre levar o meu Farrusco, mas ele é meio taralhouco, se calhar até se assustava com os ratos.. MAs teres um gatinho ai em casa não seria uma hipotese? sei que eles não comem ratos, mas gostam muito de os perseguir, podia ser que resultasse.
Olha, quanto à inteligência dos Murideos (designação que li na "tia" Ana) se não leste, lê o livro "quem mexeu no meu queijo?" se quiseres empresto-te. Os ratos ao contrário dos humanos, não ficam presos ao passado, e vivem completamente o hoje, o que faz com que tenham energia e a inteligência/instinto (como preferires) de sobrevivência que os leva a ter sempre mas sempre novas estratégias.

beijos e até já...

Galena disse...

A única maneira é teres também sempre novas estratégias...